terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Hexacampeonato - a saga!!!









Dia 6 de Dezembro de 2009! Que domingo histórico! Que festa, que torcida, que time... mas vamos com calma porque essa história merece ser contada nos mínimos detalhes.

Já eram 4 da manhã quando consegui dormir na madrugada de sábado para domingo. Era muita ansiedade, minha cabeça funcionava a mil por hora e o sono simplesmente não chegava. Já havia lido muitas notícias do Flamengo em vários sites, muitas até repetidas: "Grêmio virá com reservas", "Grêmio vai entregar", "Adriano animado pro jogo", "Fla pode ser hexa amanhã!". E eu já ia imaginando como seria quando eu pisasse no Maraca, como seria aquela festa anunciada? Qual seria o desfecho dessa semana que durou uma eternidade? Será que eu comemoraria orgulhoso e "hexageradamente" feliz a conquista, ou amargaria mais uma tragédia, a qual já estava me acostumando a sofrer? Sempre que me vinha esse pensamento sentia-me mal, culpado, e repetia pra mim mesmo "Pára com isso, essa não é a atitude de um verdadeiro rubro-negro! Pensa na vitória, e só!" Mas era difícil me acalmar... sensação estranha, o tempo não passava, a ansiedade só aumentava, mas finalmente, consegui apagar.

Pena que o meu sono não durou mais que uma hora e meia. Às 5:30 da manhã já estava de pé pra pegar meu vôo que saíria às 7:15 de Brasília rumo à Cidade Maravilhosa. Por incrível que pareça nem achei ruim, dormir era uma coisa que não me atraía muito naquele momento. Juntei-me aos meus amigos rubro-negos (Jairo, Caco, Choco e Mau), e juntos embarcamos rumo ao Rio, para o que poderia ser a melhor viagem de nossas vidas.
Já no avião, tive uma pequena noção do que nos aguardava no Rio. Simplesmente uma legião de rubro-negros tomou conta da maioria dos assentos do vôo, e nessa hora eu tive a certeza que o coração de todo o Brasil estaria pulsando dentro daquele Marcanã lotado às 5 da tarde.

Às 9:30 chegamos ao Rio e o coração batia cada vez mais forte. A alguns quilômetros dali, o Maraca estava despertando pro dia mais importante de sua história nos últimos 17 anos. Saímos do desembarque e demos de cara com Thaís Araujo e Daniele Suzuki. Tive a certeza de que encontrar duas gatas como essas era um bom presságio. Ruim não podia ser. Bem, isso não é importante agora, mas não podia deixar de comentar sobre esse encontro. Pegamos o táxi rumo ao nosso hotel em Copacabana; guardamos nossas coisas, andamos um pouco pelo calçadão, almoçamos ali no Bob's e às 12:45 partimos pro Maraca pra não termos nenhum contratempo. Só ia me sentir seguro quando passasse meu ingresso na catraca do Mário Filho. Fomos de táxi pra evitar qualquer imprevisto. Chegando no maior do mundo lá pelas 13:15 percebi que não havia chegado tão cedo assim, pois a massa rubro negra já estava em peso nas quilométricas filas que se formavam ao redor do estádio. Por sorte encontramos um amigo na fila e isso nos poupou uma longa caminhada . Ficamos um bom tempo na fila, até que fomos nos aproximando da entrada e os boatos sobre ingressos falsos cresciam, e o meu medo de acontecer algo errado na hora da minha entrada só ia aumentando. Finalmente, chegou a minha vez; coloquei meu ingresso na catraca - minha mão tremendo e meu coração saindo pela boca - mas graças a Deus ele era verdadeiro, e quando o vi saindo do outro lado da catraca soube que eu estava oficialmente dentro da festa, apto a acompanhar e empurrar meu time a mais um título.

Depois de passarmos pelo teste da catraca e entrarmos com sucesso, subimos a rampa do Maraca aos gritos de "Mengoo, Mengoo" e caminhamos rumo à arquibancada verde. Tínhamos combinado que veríamos esse jogo na imensa torcida Raça Rubro-Negra. Chegamos na arquibancada e vimos aquele monumental estádio, aquele campo verdinho, a torcida começando a preencher seu lugar em todos os anéis, e pensei: "Que sentimento é esse que o Mengão consegue provocar em mim?" Nem sei se vou achar a resposta pra essa pergunta um dia, mas só sei que é um sentimento diferente, e eu gosto disso.

Ainda eram 14:30 da tarde, faltava muito tempo pro início do jogo, mas enquanto isso, tivemos um aperitivo ao ver o time master do Flamengo metendo uma sapecada de 10 x 1 num time lá. Como é bom ver uns ídolos do passado, dos quais tanto ouvi falar e que tantos títulos conquistou para a Nação. Prestei um tributo aplaudindo cada lance e vibrando a cada gol. Eles realmente merecem todo o nosso carinho e homenagem.

As horas passavam e o jogo se aproximava. Cada vez mais o Maraca ia se transformando num oceano vermelho e preto e os espaços vazios iam se preenchendo gradativamente e a torcida já começava a se inflamar cantando, pulando e, com certeza, motivando os jogadores que à essa hora estavam no vestiário se preparando pro jogo mais importante de suas vidas.

Lá pelas 5 horas meu Mengão entra em campo, e a torcida simplesmente explode. Chuva de papel picado, bandeiras flamejando, balões rubro-negros subindo, o bandeirão do imperador sendo hasteado na arquibancada, a torcida cantando e pulando e o Maracanã literalmente tremendo. Que espetáculo indescritível, depois de tudo isso percebi que só um grande desastre tiraria o hexacampeonato da Gávea. A energia positiva era contagiante e depois que o Grêmio entrou no Maraca e foi recebido com gritos de "Grêmio, Grêmio" e "Entrega, Entrega", pensei que o jogo seria apenas um amistoso para conquistarmos o título.
Gente, como eu estava enganado, redondamente enganado! A festa se tranformou em tensão quando vimos que o Grêmio não veio a passeio e, surpreendentemente, envolvia o Flamengo com seus garotos sedentos pra mostrar futebol dentro de um Maracanã completamente tomado por quase 90 mil rubro-negros. O jogo se arrastava e o Mengão não conseguia impor seu futebol, e logo o que parecia improvável aconteceu. Gol do Grêmio. Foi como se alguém apertasse o botão MUTE do Maracanã. Por cerca de uns 30 segundos, o silêncio reinou no maior do mundo. Era íncrivel ver tanta gente calada e sem reação. Mas bastou o imperador rolar a bola para reiniciar o jogo que o Maraca voltou a se inflamar, mas de uma maneira diferente. A tensão era tanta que dava até pra tocar e sentir o seu peso. Eu nem conseguia mais cantar direito, minha atenção estava toda voltada pro campo de jogo, e as palavras saíam de minha boca um pouco sem sentido. Cada minuto que passava era uma tortura emocional, e o anúncio do gol do Inter só aumentou essa incômoda sensação. Escanteio pro Flamengo, Pet cobra, a zaga do Grêmio tira, a bola volta pra área, tem uma confusão com o imperador, e a bola se oferece limpa pra David, que chuta e empata o jogo pro Mengão. Era o que a torcida precisava pra voltar a si. Cantamos, vibramos e pulamos, mas o primeiro tempo acabou assim mesmo: 1x1.

Oa 15 minutos de intervalo foram uma eternidade. Eu conversava com o Mau sobre os desastres anteriores, sobre o América do México, sobre o Santo André, e temia pelo pior, mas naquela hora tomei uma decisão: "Se depender de mim, o Mengão sai daqui Hexa Campeão". Pode parecer ridículo, mas prometi a mim mesmo naquele momento que iria dar até a última gota de sangue, se preciso fosse, para ver o Mengão, o meu Mengão sair com o título. Como? Gritando, apoiando, pulando, empurrando e fazendo o que a torcida do Flamengo sempre fez em 114 anos de existência: jogar junto, entrar em campo, ser o décimo segundo jogador.

Começou o segundo tempo, e já no início deu pra perceber que a postura do time era diferente. Ele começou a se impôr mais e pressionar o Grêmio no campo de defesa, mas o gol demorava a sair e o tempo ia passando e taça se distanciando a cada minuto que passava.
Escanteio pro Mengão, Pet se prepara para a cobrança, os olhos de todo o Brasil vidrados na telinha, e eis que surge um Ronaldo, o nosso Ronaldo. Com uma linda cabeçada, Ronaldo Angelim faz o gol, que logo depois se tranformaria no gol do título. Alguns minutos mais de tensão e, finalmente, Heber Roberto Lopes apita o final do jogo fazendo o Maraca estremecer e soltar o grito entalado há 17 anos: "Hexa Campeão! Hexa Campeão!". Agora sim, a festa estava completa, o mais querido do Brasil voltava ao seu trono de melhor time do Brasil.

Abraçamo-nos emocionados, gritamos, e naquele instante sabíamos que aquele era um momento único, sem dúvida, o mais emocionante das nossas vidas. E sabe aquela pergunta que eu fiz no começo do post: "Que sentimento é esse que o Mengão consegue provocar em mim? Acho que achei a resposta: Amor puro e verdadeiro. Simplesmente amor.
Nada do Flamengo, Tudo pelo Flamengo!!